ÁGUA
Meus senhores eu sou a água,
que lava a cara, que lava os olhos,
que lava a rata e os entrefolhos,
que lava a nabiça os agriões,
que lava a piça e os culhões,
que lava as damas e o que está vago,
que lava as damas e o que está vago,
que lava as mamas e por onde cago.
Meus senhores aqui está a água,
que rega a salsa e o rabanete,
que lava a lingua a quem faz minete,
que lava o chibo mesmo da rasca,
tira o cheiro a bacalhau da lasca,
que bebe o homem, que bebe o cão,
que lava a cona e o berbigão.
Meus senhores aqui está a água,
que lava os olhos e grelinhos,
que lava a cona e os paninhos,
que lava o sangue das grandes lutas,
que lava sérias e lava putas,
apaga o lume e o borralho
e que lava as guelras ao caralho.
Meus senhores aqui está a água,
que rega as rosas e os manjericos,
que lava o bidé, lava penicos,
que tira mau cheiro das algibeiras,
que dá de beber às fressureiras,
lava a tromba a qualquer fantoche
e lava a boca depois de um broche.

Cá está uma de muitas e boas pérolas da nossa literatura....Bocage não tinha papas na língua...a sua linguagem era a típica portuguesa pura, sem preciosismos e sem qualquer tipo de acordo ortográfico....quem quiser partilhar connosco mais pérolas da nossa literatura...que as deixe no comentario a este post...espero que se tenham divertido tanto como eu...acima detudo isto é cultura meus amigos...não se sintam perturbados com a utilização que Bocage deu às palavras para criar este poema.
Um beijo da Waffles!!!
este poema é maravilhoso!
ResponderEliminarBocage era o maior =)
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